A democracia estava em coma desde 1964. Fora vítima de um golpe militar com apoio da egoísta classe média brasileira. Ficou esquecida e entubada num leito do antigo Inamps. Somente nas ‘Diretas Já’ (1983 – 1984), deram atenção a ela (e ao seu caso clínico), e então, começaram os preparativos para tirar o tubo e a medicação nefasta. Mas somente em 1992, eis que finalmente ela respira por conta própria com a primeira eleição popular direta em 32 anos.
Ainda estava sob ressalvas médicas e o responsável por trazê-la a vida social, foi de mal à pior. Errou e errou, apresentou um planejamento que levou o país a uma crise, tanto econômica quanto política. Perdeu apoio e a dignidade.
Desde então ficou claro: o líder do executivo (bom lembrar, eleito democraticamente), por melhor ou pior que seja, quando demonstra problemas em governar, em articular, perde apoio político. Perde do congresso, do STF e até do vice. Consequentemente, cai (podem rotular como quiser, mas é assim que tem acontecido).
Agora temos como representante do executivo, o pior responsável pela sanidade social do país. São tantos os erros, falta de ética e humanidade, que me perderia em enumerá-los. Mais uma vez o fator ‘impeachment’ volta à cena, dessa vez extremamente necessário, pra salvar mais uma vez, a doente democracia brasileira.
Ah! Um adendo: de 1995 a 2014, ela seguia bem da saúde. Nem parecia aquela que sofrera na cama de um hospital militar. Um pouco antes de 2014, seu quadro clínico voltou a preocupar.
Fabio Spavieri, São Paulo 06/06/20.
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“Em política, estar com a rua não é o mesmo que estar na rua”
“A grande força da democracia é confessar-se falível de imperfeição e impureza, o que não acontece com os sistemas totalitários, que se autopromovem em perfeitos e oniscientes para que sejam irresponsáveis e onipotentes”
Ulysses Guimarães.